
“Old school é o termo dado para alguma coisa à moda antiga, algo que era utilizado há muito tempo e hoje já não é mais moda, pois já é considerado ultrapassado ou antiquado, mas que para alguns continua sendo legal utilizar.” (www.significados.com.br)
“Quanto mais velho fico, mais entendo o Lula Molusco”.
Talvez não tenham visto a frase acima, mas virou uma espécie de meme nas redes sociais, e, pensando bem, acaba se tornando realidade. A mais de uma década escrevia para um blog de cultura nerd basicamente sobre RPG e cinema e nessa época, por causa do famigerado D&D 4e, explodiu o movimento Old School e havia alguns nomes famosos do cenário nacional apoiando esse movimento.
Os membros daquele blog, na verdade 3 de nós, começamos a discutir o que seria esse movimento, se seria bom ou não e tentamos comparar o D&D 4 contra os principais sistemas de retro clone e OSR (Old School Rules, Regras da Velha Escola em tradução livre) que haviam e chegamos a conclusão, muito por causa dos nomes envolvidos, cada um de nós jogamos pelo menos uma vez na mesa de cada defensor do movimento, que eles estavam preocupados com o empoderamento do jogador, uma vez que o sistema de regras do novo sistema era mais próximo da origem do RPG (jogos de guerra) do que os se diziam assim, o que corroborava a nossa tese era que o sistema de D&D 4, depois de duas sessões ninguém mais consultava o livro de regras e, ainda hoje, tem gente me perguntado sobre regras do D&D 3.x; quem conhece AD&D sabe a confusão de regras que possui.
Depois dessa conclusão veio a pergunta de quem mexeria nesse vespeiro primeiro, e lógico que o saudoso Marcelo Alexandre Leite falou que seria o primeiro e já tinha algo em mente, ele compara um retro clone nacional famoso de AD&D e apontou as falhas que havia num texto bem ácido, na época colocaram palavras que ele não havia dito e a base de fãs atacou o texto, porém estranhamente na semana seguinte a publicação a editora baixou o preço do livro, como o blog não existe mais, não darei o nome do sistema para não ter que responder coisas que já foram respondidas de novo e é assunto encerrado.
Depois da poeira baixada resolvi que era a minha vez, mas em vez de fazer uma crítica a um OSR, seria que gostava de escrever que é teorizar sobre o movimento e especular sobre o que estaria por detrás disso e se vale a pena ou não, porém como a terceira pessoa envolvida resolveu não colocar a mão nesse vespeiro pedi que ela revisasse o texto para evitar possíveis reações acaloradas. Feito o texto e publicado ocorreu dentro do que esperávamos teve bastante visualizações, zero polêmicas e um certo jovem tentando botar fogo nos comentários.

Feita a introdução por que resolvi criticar a minha crítica? A resposta é bem simples, apesar de não ter feito essa teorização sozinho, dois dos três “teóricos” são fãs de D&D e o Marcelo era o não gostava, isso de certa forma meio que direcionou as conclusões e agora vejo outro motivo para que o movimento exista, porém continuo achando que os motivos principais estavam errados e achei um motivo que talvez justifique a existência dele.
Acho que o primeiro trinco na armadura da certeza é quando me deparei com o Basic Fantasy, é um retro clone de AD&D com todas as qualidades e defeitos e achei fantástico reviver as aventuras que joguei na minha juventude, apesar de ter assumido o papel de narrador, contudo as regras eram bem complexas se considerarmos um sistema moderno.
Depois vieram os livros avançados de D&D 5 que, num resumo bem enxuto, qualquer personagem criada com esses livros dariam uma surra nos que foram construídos no Livro do Jogador e isso é particularmente doloroso para quem criou boa parte da diversão sob as classes e raças clássicas.
O golpe final foi o D&D One, até o momento eles estão meio que seguindo o caminho que a Paizo trilhou com o Pathfinder 2, a impressão que tenho é que a Wizards of the Coast se tornou uma gigante e agora vai “jogar no seguro”. Sob aspecto econômico não há nenhum problema com isso, uma vez que ela tem responsabilidade com as pessoas sob seu guarda-chuva e quanto maior se é, maior é o tombo, talvez com o crescimento da primeira empresa terá que surgir outra para desbravar novas regras ou estilo de jogo e assim sucessivamente….
Somando tudo isso vi que os sistemas modernos cada vez mais torna as personagens dos jogadores cada vez mais poderosas mesmo em níveis mais baixos, quando esse movimento da indústria do RPG começou eu apoiei porque os antigos eram bem mortais mesmo com personagens poderosas e agora em baixo nível um grupo bem montado pode dominar a força uma cidade ou várias delas, a morte passou a não preocupar mais, na minha opinião foi cruzada uma linha que será difícil voltar ao equilíbrio.